Gangues causam terror em shopping de Cuiabá

Pelo menos 40 adolescentes foram detidos na noite deste sábado (29/12), suspeitos de pertencerem a gangues de rua, após participação em confronto nos corredores e imediações do Pantanal Shopping e adjacências da Avenida Rubens de Mendonça (CPA). Todavia, a Polícia Judiciária Civil sabe que não se trata de fato isolado.

A reportagem do Olhar Direto apurou que inteligência da Polícia Civil, que investiga várias gangues desde 2011, revela que o evento é apenas mais um novo capítulo na já extensa onda de crimes cometidas por gangues que dominam diversos bairros da Capital. A maioria desses grupamentos, inclusive, possui armamento e seria responsável por ao menos seis mortes de jovens, somente neste ano.

Embora não tenha autorização para falar, um dos membros da equipe de inteligência ouvido com exclusividade pelo Olhar Direto contou parte do terror espalhado pelas gangues nos bairros de Cuiabá e Várzea Grande, no dia-a-dia.

“Praticamente todas as gangues são movidas pelo consumo de drogas [lícitas e ilícitas] e rivalidade insana. Marcam encontros para brigar, pela internet, o que às vezes termina em feridos ou até mortos”, revela a mesma fonte.

O pânico que tomou conta dos freqüentadores Shopping Pantanal faz parte do cotidiano de bairros como Santa Isabel, Cidade Verde, Novo Terceiro, Ribeirão do Lipa, Novo Colocado, Pedra 90, Parque Cuiabá, Tijucal, Três Barras, Jardim Primeiro de Março e tantos outros de Cuiabá.

E, também violentas, há ainda gangues no Cristo Rei, Parque do Largo, Mapim e São Matheus, em Várzea Grande. “São comunidades que passam por momentos de aflição todas as semanas. Isso porque o encontro de gangues faz parte do cotidiano”, confirma outra fonte.

“A disputa entre gangues rivais que proliferam há alguns anos pelos bairros de Cuiabá e Várzea Grande e já fizeram várias vítimas fatais e ferimentos graves”, pontuou o membro da inteligência da PJC. Em alguns bairros, como Santa Izabel e Novo Terceiro, os tiroteios em disputa por poderes e pontos de drogas na região são comuns.

Uma estudante de 16 anos, moradora do bairro Santa Isabel, inclusive, foi vítima de uma bala perdida durante um tiroteio entre duas gangues. A adolescente foi morta quando voltava da escola à noite, no ano passado. No mesmo tiroteio, outro menor que também saia do colégio foi atingido, mas sobreviveu.

Um caso emblemático foi o assassinato do universitário Ronald Genesiz Murilo de Amorim, de 21 anos, suposto membro da gangue ‘Racionais’, do Novo Terceiro, rival da ‘Bad Boys’, do bairro Santa Izabel, uma das mais violentas de Cuiabá.

Outro caso foi o assassinato Alessandro Elias de Carvalho, de 28 anos, que levou alguns tiros e morreu antes de chegar ao Pronto Socorro Municipal de Cuiabá.

O trabalho do serviço de inteligência da PJC é para apresentar um plano, a ser executado até maio, que reduza o poder das gangues de rua antes da Copa do Pantanal Fifa 2014, que se inicia em junho. O trabalho era para ter iniciado no primeiro semestre de 2013, mas a redução do orçamento da Secretaria de Estado de Segurança, que praticamente cortou o pagamento de diárias, atrasou a ação.